21 March 2008

Patagonia 2008 - Entre Cordilheiras e Trutas - Parte 2

Ao fim da primeira tarde de pesca, já com a certeza de não voltar dedão para o Brasil, eu já tinha a certeza que esta seria uma aventura impossível de esquecer.

No segundo dia, estávamos programados para ir ao Lago Trolope, o qual é abundantemente povoado por trutas arco-íris e uma ou outra marron, ou mais raro ainda uma fontinalis aqui e ali.

Acordei bem cedo naquela terça-feira, ainda estava muito escuro, quando comecei a organizar o material que iria usar na pescaria naquele dia. Fiz alguns ajustes na forma com que eu prendia os carretéis de tippet no vest, assegurei que nenhuma ferramenta ia se soltar do colete, e principalmente que tudo estaria um pouco mais a mão do que na tarde anterior.

Já eram 8 horas da manhã passadas, e o sol ainda não tinha despontado no horizonte. Resolvi sair fazer umas fotos antes do café da manhã, para registrar a paisagem nos instantes do amanhecer.

7:30 da Matina


Caviahue 8hs da madrugada !




As 9:15, quando o sol finalmente despontou no horizonte, já estávamos todos prontos e carregando os equipamentos na caminhonete do guia. 40 minutos depois, estávamos a beira do lago trolope armando o equipamento enquanto os guias preparavam o flotador para a travessia do lago.

Preparando


Atravessando o Lago: Força !!


Uma geral do Lago




E foi só por a 1a mosca no tippet e esticar a linha que o vento andino nos saúda com um sopro contínuo e forte, acabando com o gigantesco espelho de água que se apresentava. Neste momento, pensei que a pescaria estava acabada. Porém, seguindo à risca a recomendação do guia, troquei a linha float e o Stimulator por uma linha sinking tip e uma mosca de zonker.

E aqui complica um pouco a vida, para quem, como eu, faz 99% de suas pescarias usando linha float, usar linha sinking ou sinking tip representa um desafio. Ao meu ver, o arremesso de linhas sinking tip tem dois momentos bem críticos : instante do backcast em que a linha se abre totalmente no ar e no fim do movimento de shooting. No primeiro, minha impressão é que a linha sinking, mesmo antes de se abrir por completo no ar, carrega o caniço na totalidade. Quando entendi a situação do backcast, passei a arremessar um pouco mais lentamente, deixando que a linha até caisse um pouco, evitando um turn desajeitado.
Durante o Shooting, bem no fim do movimento, eu estava aplicando muita força no caniço, fazendo com que o loop perdesse a forma e formasse então o famingerado "Tailing loop". Mais uma vez, acertar o tempo do arremesso foi a chave para conseguir fazer a linha sinking tip desenrolar bem no ar e por a mosquinha onde esta deveria estar !

Depois de me encontrar no arremesso, comecei a pescar "igual gente grande", mesmo com o vento na diagonal, consegui lançar linha suficiente para chegar próximo a onde as trutas de fato estavam. E seguindo as dicas do Mário Fly Cardin, que nesta altura já tinha perdido a conta da quantidade de trutas grandes que havia capturado, fisgo minha primeira trutona do dia !

E quando o arremesso dá certo...


E a Segunda no mesmo ponto alguns arremessos depois...


E assim foi toda a manhã de pescaria ! Arremessa certo, pega truta, arremessa errado pega um nó de vento ! Tem que parar, respirar se concentrar, treinar o arremesso uma ou duas vezes e mandar o cast ! O Mário que treina muito mais do que eu, pescou muito mais tempo e capturou muito mais trutas também ! É só na pescaria que você se dá conta da falta que faz treinar arremessos.

Depois da estratégica parada para o almoço, o vento mudou de direção o que complicou um pouco mais o arremesso. Passamos então a procurar um lugar um pouco mais abrigado, que permitisse ao menos levantar o caniço com um pouco mais de facilidade.

Arremessa daqui, arremessa dali, e nada de truta. Voltamos então a pescar na parte mais funda do lago, porém como o vento lateral não dava trégua, o esquema foi arremessar menos linha ver o que acontecia ! E de fato nas primeiras horas, nada aconteceu ! Voltando um pouco mais, achamos um lugar bacana, e que aparentemente tinha um "poção" há uns dez metros á frente . Casteia daqui, casteia da li e Truta ! Foi só acertar o arremesso um par de metros a frente do poção, recolhe a mosca com toques bem rápidos e é pique !

Esse ponto foi muito bacana, rendeu algumas arco-íris menores, algumas bem respeitáveis, e o meu troféu do dia : Uma improvável Fontinalis ! Como disse antes, a chance de capturar uma fontinalis aqui no lago trolope era bem pequena, e graças a uma teimosia minha ao arremessar um wolly bugger prateado e preto, capturei a improvável fontinalis do lago Trolope.

Cast lá no meio !


E bem na hora da foto...


Sobrou o pescador com cara de Mortadela !


formação rochosa rendeu um bom lugar de pesca e muitas trutas ao Amigo Mário Cardin



Um pouco a frente dessa formação rochosa, ainda foi possível capturar mais algumas trutas arco-íris, já sem a mesma emoção de ter capturado uma fontinalis e um tanto cançado, a pescaria foi ficando um pouco mais lenta. É nessa hora que faz toda a diferença a presença dos companheiros de pesca. Um pega uma truta aqui, o outro faz uma brincadeira ali a animação de continuar pescando espanta o cansaço.

Uma das coisas que mais gosto, é pescar sem relógio, não ter a menor noção do tempo decorrido, e ao invés de contar horas, contar capturas, ações e fotos. E quando nos demos por conta, já eram 8 horas da noite ! Um Sol a pique inacreditável, realmente não parecia que o dia estava quase acabando. O guia então nos informa que iríamos pescar mais uma meia hora e iniciar a volta.

E nesta meia hora de fim de pesca tive diversas ações, algumas moscas perdidas (maldito tippet puido hehehe) , ainda tive uma boa briga com uma truta muito considerável !

A briga


A última do lago Trolope


E depois desta última truta, decretei fim da pescaria ! Era hora de caminhar até a caminhonete, desmontar o equipamento e ir matar a fome !

Fim de dia !

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