31 March 2009

Visita a fábrica



Aos Curiosos de plantão, a St.Croix disponibilizou em seu site, um pequeno tour virtual, o qual ilustra o processo de fabricação dos caniços de grafite da marca. O tour é simples, apenas uma sucessão de fotos, porém interessante pois mostra inclusive alguns testes de stress e performance geral dos caniços.

Para participar da visitação online, basta entrar no site, e clicar no link St.Croix Rod Factory tour (exatamente igual ao que ilustra este post)

PS.: o Post não é marketing, merchandising ou qualquer coisa do tipo... O Blog continua "Agnóstico" a marcas, lojas,etc etc etc... Só achei interessante...

22 March 2009

Patagônia 2009 - E tem que Gostar...

É muito simples gostar de pescar quando está tudo dando certo. É fenomenal quando as trutas estão procurando exatamente aquilo que você tem a oferecer, num dia de temperatura agradável em um rio cercado por uma paisagem cinematográfica.

As vezes, calha que dá tudo certo, e a pescaria entra para a história, vira relato rico em fotos e tudo mais. Agora, boa parte das vezes, a natureza nos apresenta desafios. Desafios que colocam a prova a própria alegria de um dia de pesca.

Na pescaria deste ano, fizemos 3 flotadas, Aluminé, Collon Cura, e Chimehuin curto. No contexto de flotadas, eu tinha uma grande expectativa, em especial por flotar o Aluminé, que em 2007 foi muito generoso comigo, me presenteando com três ou quatro trutas "históricas". Do Chimehuin eu esperava uma pescaria animada, com muitas trutinhas. Já do Collon Cura, só conhecia pela fama (de peixes de bom porte) e relatos dos colegas que haviam pescado por lá em temporadas passadas.

A primeira flotada, foi no Aluminé. Enquanto o pessoal descia os botes para o leito do rio e cuidavam de todos os arranjos para o dia, era possível avistar a pouco metros hatches imensos de adams, e até alguma atividade de trutas na superfície.

Já no Collon Cura, nossa segunda flotada, encontramos um rio concorrido. A nossa frente alguns botes já se adiantavam nos poções, rápidos e demais pontos com "cara de truta". Durante toda a manhã, era possível ver muitas trutas e percas nadando calmamente nos poções. Neste dia vivi uma situação nova : não haviam eclosões significativas, porém a água estava cheia de pequenos insetos (midges). A primeira vista parece até uma situação interessante, mas é de fato, um tanto complicado de pescar, as trutas ficam muito seletivas e comem de forma muito vagarosa.

Resumindo, em ambas as pescarias a rotina era :

Casteia, corrige, corrige, corrige, e Nada...
Casteia, corrige, corrige, corrige, e Nada...
Casteia, corrige, corrige, corrige, e Nada...

Troca a mosca, Estica o leader, verifica o nó e voltamos para a rotina :

Casteia, corrige, corrige, corrige, e Nada...
Casteia, corrige, corrige, corrige, e Nada...
Casteia, corrige, corrige, corrige, e Nada...


No Aluminé Perto da hora do almoço, e graças a uma Stimulator maiorzinha, que afundou muito rapidamente logo após pousar sobre um rápido um pouco mais agressivo, fui presenteado com a primeira captura do dia.

From Patagonia 2009



From Patagonia 2009


Depois do almoço, de fato bem ao meio da tarde, capturei mais umas duas ou três trutas, sendo duas bem pequenas e uma maiorzinha.

From Patagonia 2009



From Patagonia 2009





No Collon Cura, a pescaria foi ainda mais complicada. Mais uma vez, tivemos um dia de sol um tanto impiedoso. Não que no Aluminé o sol tivesse em qualquer momento dado trégua, muito pelo contrário. Essa pescaria no Collon Cura foi uma verdadeira prova de resistência e perseverança. Resistência em função do calor, daquela posição meio "maluca" que você fica no bote. Perseverança, por quê você tem que seguir acreditando que tem truta na água e no próximo cast você pega uma ! Perseverar no cast também. Penso eu, ter encontrado uma razão matemática entre a qualidade do cast versus a temperatura do dia e número de capturas : A qualidade do cast cai proporcionalmente ao aumento da temperatura do dia exponenciado pelo numero de casts realizados sem sucesso. Ou algo do tipo...

Enfim, graças a bendita stimulator em tamanho não recomendado pelo guia (ou seja, bem grande) que as 15 horas da tarde, graças a minha falta de atenção, afundou e me trouxe a primeira truta do dia ! "Distraídos venceremos !!" foi a frase do dia. Um Pouco depois, consegui capturar mais uma, se não me engano usando uma Coper Jhon, e logo na seqüência o Luciano também pegou sua truta no Collon Cura.

From Patagonia 2009


Tanto o Aluminé quanto o Collon Cura, nos proporcionaram uma pescaria difícil, com pouquíssimas capturas, muito calor e uma constante luta contra o desânimo. Tem que de fato gostar muito de pescar ! Mas vale aquela frase batida que todo mundo conhece : Mais vale um mal dia de pescaria que um bom dia de trabalho !

17 March 2009

Patagônia 2009 - As moscas

Alguns colegas, principalmente nos fóruns, tem perguntado sobre que moscas funcionaram em que situação durante a pescaria da patagônia deste ano.

De maneira geral, segue uma lista das moscas :

  1. Adams Parachute Griz, Marron, Cinza, amarelo claro, (16,18,20)
  2. Irresistible "Normal" (16,18)
  3. Adams Emerger Griz, Marron (20)
  4. Royal Wulf "Normal" (16)
  5. March Brown (18)
  6. Caddis CDC (20)
  7. Elk Hair Caddis (16,18,20)
  8. Humpy amarela (18)
  9. Caddis Midges (eu só tinha uma no 22 então...)
  10. Stimulator Kaufman amarelo pequeno 16,14 no máximo
  11. Soft hackle, corpo vermelho, com hackle preto, (18).
  12. Soft hackle, corpo preto com hackle preto (18)
  13. Timberline, bem pequena não lembro o tamanho exato, mas arrisco dizer que era um 20...
  14. Midges diversas (não sei os nomes corretos), mas com corpo formado por um fio de brilho, com uma pena de peacock formando colar, com (e sem) um pouco de CDC próximo ao olho do anzol.
  15. Copper Jhon Tradicional (16 -grande segundo o guia, mas pegou peixe)
Algumas observações :

  • Stimulator funcionou dada minha insistência (Agua mole pedra dura...)
  • Royal Wulf foi a rainha das trutinhas menores no chimehuin.
  • Irresistible foi Show !
  • Ninfas quase não usei, logo...
  • Tentei moscas, sem resultado algum tais como : Royal Stimulator, Chernobil Ant, Hoppers, Tarantula, Elk Hair caddis em anzol maior, white Wulf, Madam-X, bead head prince (é ! Falhou !!)
  • Tamanho do Leader : Uma vez e meia o tamanho do caniço. Diria inclusive para usar leader de fluorcarbono.
  • Tippet : 4x, 5x (maior parte do tempo) e no Malleo 6x.
  • Linha : Float o tempo todo, no meu caso WF.

14 March 2009

Malleo e A Truta

From Patagonia 2009 - Junin de los Andes


Aguardei a chegada do Mauro para ver que conjunto de caniço e carretilha eu utilizaria naquele dia. Bambu ou Carbono ? Se fosse um rio pequeno, bambu... Se fosse um rio maior, carbono. Atualmente prefiro pescar com caniços de bambu. Porém gosto da comodidade que um caniço de carbono proporciona em arremessos maiores, principalmente na pesca embarcada.

Chega o Mauro e nos informa que o rio do dia era o Malleo. Sem dúvida nenhuma, Bambu. Pego o caniço e a carretilha, junto com o resto do equipamento, rapidamente saimos da hosteria e nos colocamos a caminho do Malleo.

Da primeira vez que estive no Malleo, não fui tão feliz quanto gostaria. Não peguei tantas trutas quanto esperava, porém tinha aprendido muito com o rio. "O Rio do Livro", como diz o Alejandro. As trutas comem atráz das pedras, ao fim de cada "rápido", perto da espuma, e tudo mais que se lê em livros de pesca com mosca. Em particular eu esperava um dia de pesca um tanto técnico, tenso e possivelmente com poucas capturas.

De todos os trajetos entre a Hosteria Chimehuin e os pontos de pesca, os que mais me facinam são os que passam as margens do Malleo. O contraste entre as formações rochosas, que são percebidas e entendidas de acordo com a imaginação de cada um, com o rio que segue serpenteado aquela paisagem quase que extra terrestre. O Vale Lunar como dizem alguns.

From Patagonia 2009 - Junin de los Andes


Rio lotado, muita gente pescando em todos os primeiros tramos do Malleo. "Mas que coisa !" exclamava o Mauro, "Vamos mas a frente, mas a frente há pontos muito bons". Dez minutos mais, longe das áreas de acampamento, das propriedades mapuches, das escolas e tudo mais, descemos do carro, e muito rapidamente começamos a preparar o material para este primeiro tramo.

From Patagonia 2009 - Junin de los Andes



Tramo muito interessante por sinal, formado dois ou três poços à direita e um rápido seguido de alguns trechos mais profundos a esquerda. Luciano, vai tentar a sorte a esquerda, enquanto eu e o guia seguimos para os poços a direita.

Enquanto atravessávamos um pequeno trecho de água, de maneira a alcançar uma boa posição para castear, reparávamos nos insetos que eclodiam em todo o trecho do poço. "Adams ! Adams e mais Adams. Griz e marrom. Tem alguma ai ?", me pergunta o Mauro. Enquanto terminava de me firmar, começo buscar adams parachute bem pequenas. "Mais um dia de moscas pequenas" é a primeira coisa que vem a mente. Localizo então uma pequena parachute marron a qual elegemos para começar o dia.

"Que delicia de pescaria", penso, cinco minutos depois do primeiro cast. Não, eu não tinha pego nenhum peixe ainda. Porém era uma pescaria muito gostosa de se fazer, muito bonita também. Pescaria de cast curto, com caniço de bambu não tem igual. O caniço carrega sem pressa, você atira a linha a frente, fecha o loop com a mão esquerda, a linha cai vagarosamente na água, logo em seguida, a mosca pousa suavemente, desliza esticando o leader e o resto do fly line. Algumas ações e a captura de pequenas trutinhas marrons completam o cenário.

From Patagonia 2009 - Junin de los Andes


E seguimos pescando, casts curtos, corrigindo levemente o posicionamento da linha, prestando muita atenção. Provamos todo um poço sem nenhuma ação, sem qualquer movimento. Sem desanimar, sigo casteando. Alguns passos a frente já ao fim do poço, bem junto a margem oposta, começa um pequeno rápido. "Promissor o ponto", penso, enquanto abria a boca para perguntar ao Guia o que ele achava, eme me diz, "Uma Midge, a menor que tiver, ali, um pouco antes da espuma".

Mosca atada ao também reformulado tippet, e lá vai o cast. Vai mais um. E outro. E mais um. E finalmente, quando a midge começa a derivar, o leader estava começando a carregar o fly line. "Trucha ! Trucha ! Trucha ! Grande !! Muito linda". Não penso, sequer respiro, literalmente levanto a vara com toda força. Na ponta da linha uma Trutona Marron. O Caniço vibra, verga, canta a linha entre os passadores. Eu tento manter a calma. A Truta pula ! E Pula de novo ! Sigo recolhendo a linha. E ela pula ! E derrepente a linha fica leve, o caniço não verga mais. Meu troféu se foi... Eu não acreditava, Mauro me pergunta o que aconteceu, estava tão emputecido que não conseguia responder. "Só espero que não seja o nó que abriu", penso. Instante depois, examinando todo o conjunto, descobrimos que o Anzol tinha aberto, estava parecendo uma agulha. "Comprou anzol de oferta ? " Me pergunta o guia já dando risada da minha cara, respondo "Acho que foi ! hehehe".

Encontramos com o Luciano, que nos relata suas capturas, e entramos no carro para mudar de ponto. Seguimos mais por mais uns vinte minutos. Mais uma vez, os pontos próximos da onde estávamos já estavam todos tomados por "Yankees" como dizia o Mauro. Encontramos o que parecia ser um bom ponto. Mauro para o carro e rapidamente vamos para as águas do Malleo terminar a manhã de pesca.

Este segundo tramo, estava com as águas ainda mais claras, pouca sombra, água muito calma. Um verdadeiro desafio. Nos separamos, novamente, Luciano vai a esquerda e eu a direita. Notamos uma pequena eclosão de caddis. "Já sei, a menor que eu tiver !", digo ao Mauro, "Que bom ! Está aprendendo ! hheheh", me responde. E vai um cast, corrige a linha, corrige novamente, recolhe, seca a mosca e recomeça. "A água está muito clara. Dá para ver a sombra do leader no fundo", me diz o Mauro. De fato, a sombra estava completamente visível ao fundo, refletindo perfeitamente seu posicionamento. Sigo pescando, e nada. "Meu troféu se foi", "Acho que de agora para frente, não sai mais peixe", fico pensando já meio desanimado.

Quando chega a hora de nos reunirmos para almoçar, enquanto caminhávamos a beira do rio, começo a prestar atenção em um pequeno braço de água clara e profunda, abrigada por uma formação de pedras e vegetação, sem nenhum movimento de superficie. Sem espuma, sem galhos caidos, sem "rápidos". Dez metros a nossa frente avistamos o Luciano casteando no leito principal do Malleo. Olho para a mosca, e resolvo ir casteando nesse braço de águas calmas. De passo em passo avistávamos pequenas trutas serpenteando ao fundo do lugar.

"A água está muito clara, olha como seu leader está espantando as trutas", me diz o Mauro. Não dei muita bola, a cada dois passos, fazia um cast curto. Estava me divertindo com a curiosidade das trutas. Cada vez que a mosca pousava na água, ao menos uma trutinha se aproximava, estudava a mosca e batia em retirada muito rapidamente.

O Luciano já tinha recolhido o material, enquanto nos aproximávamos, vi uma truta pequena bem próxima a pequena parade que limitava o poço. comecei a castear, "Gustavo ! Tem uma bonita aqui ó ! ", Olho para o Luciano e ele me aponta a direção, muito próximo da nossa posição bem a cerca da margem da onde nos encontrávamos, não mais de três metros.

Recolho um pouco de linha enquanto troco a direção do cast. Se quer lanço a linha, apenas deixo-a cair próxima a margem. O Fly line cai próximo ao meu pé e se estende a esquerda, levando o leader a cair sobre um pequeno juncal, sem tocar na água. Um pequeno trecho do tippet leva a mosca a tocar suavemente na água, alguns centrimetros a frente do juncal. Penso em recolher e lançar novamente.

"Deixa ai !! Deixa ai !! Não meche", me diz o Luciano, quase sussurando. Recolho um pouco do fly line. O tempo muda de compasso e correr lentamente. Não tiro os olhos da mosca, que permanece ali, parada. A Truta se aproxima calmamente, serpenteando em "slow motion" até a mosca. Ela para, examina sua presa. Aperto o grip do caniço. A Truta sobe e para. Engulo seco.

A Truta sobe, abre lentamenta a boca e toma a mosca suavemente. Exito. Ela desce. Eu Fisgo. Ela corre para o fundo do poço. Aplico um pouco de pressão no caniço, acho que alguém fala alguma coisa. Não escuto. "Espero que este anzol seja melhor que o outro, espero que o nó não Abra. Espero tirar a Truta" sigo pensando um tanto tenso. De um lado a outro do poço A Truta corre, despertando outras pequenas trutas que por ali se encontravam. Lentamente recolho a linha, que por vezes era novamente esticada pela Truta. E o tempo volta a seu rítimo normal...

O guia entra no poço empunhando o net, se posiciona, e gentilmente dirijo a truta até ele. Já segura, tomado pela euforia tipica do pós captura, saco a máquina fotográfica para registrar a ocasião. Depois da foto, a Truta e calmamente devolvida. Assim que se solta das mãos do Mauro, calmamente, volta ao juncal próximo a margem que estávamos e desaparece. "Meu Troféu se foi... Agora sim ! Agora sim pesquei de verdade" penso um tanto realizado.

From Patagonia 2009 - Junin de los Andes


From Patagonia 2009 - Junin de los Andes


From Patagonia 2009 - Junin de los Andes



Paramos para almoçar, e seguimos a tarde pescando, ora em pontos onde capturamos mais trutas médias e pequenas, ora em trechos sem nenhuma atividade. E o dia seguiu, perfeito, como só um dia de pescaria pode ser.

Não foi a maior truta da minha vida, seguramente não foi. Não sei dizer o quanto pesou, ou quantos centímetros media. Ainda sou novo, creio ter muitas temporadas de pesca no futuro. Mas seguramente afirmo que A Truta, entrou para a minha história, nunca vou me esquecer dela.

Possivelmente, meus netos, um dia, vão escutar a história da Truta que fez o tempo parar.

From Patagonia 2009 - Junin de los Andes

08 March 2009

Patagonia 2009 - O rio Chimehuin

From Patagonia 2009 - Junin de los Andes



Mal tinha dormido. Noite fria, com certeza a noite mais fria da temporada, além da pança cheia, aliada a perspectiva do primeiro dia de pesca, que me tirou o sono quase que por completo. Até tentei dormir mais um pouco... Em vão, calhou que com o dia ainda muito escuro, não me recordo que horas eram, acabei saindo da cama, e fui tomar café.

Me dei conta que era de fato muito cedo quando entrei no "comedor" da hosteria chimehuin, e o lugar estava vazio. Até o rapaz que veio me atender acho estranho alguém ir tomar café aquela hora. Enquanto tomava o café da manhã, que diga-se de passagem é bem gostoso e ajuda bem a começar o dia, olho para tráz e vejo o Dr. Luciano descendo de um taxi. "Pronto !" pensei, "agora só faltam as trutas !!".

Depois de recepcionar o parceiro de pesca, e finalizar o café da manhã, enquanto me aprontava para o dia de pesca, o Luciano me contou de sua aventura de taxi desde o aeroporto de Bariloche até Junin. Acertamos como seria o dia de pesca, o Luciano precisava comprar um wader e botas de vadeio, logo, enquanto ele corria atráz desses itens durante a parte da manhã, eu iria pescar com o guia Mauro, e nos encontraríamos na pousada na hora do almoço.

E assim foi, alguns instantes depois chega Mauro, o guia, um sujeito bacana, que está em seu primeiro ano de trabalho com o Alejandro. Vamos então em direção a San Martin. Depois de uns 15 minutos de estrada, Mauro estaciona o carro, e vamos ao rio.

O Chimehuin é um riozinho que me surpreende sempre. Da outra vez que o visitei, não tive oportunidade de pescar de vadeo, e na ocasião, ambas as flotadas que fizemos, foram fantásticas, logo eu tinha uma grande expectativa em relação ao este rio.

Enquanto montava o equipamento, ouvia com cuidado as recomendações e conselhos do Mauro. Na realidade quase que uma repetição de tudo que o Alejandro já havia me adiantado. Quando estava com quase tudo pronto, Mauro averigua meu leader, e me diz : "Está curto, tem que ter uma vez e meia o tamanho do caniço". "OK, termino com 4x ou 5x ?" respondo, "6x está bom"


Entramos no rio, e antes do primeiro cast, identificamos uma eclosão próxima a margem oposta da onde estávamos. Mauro me pergunta se eu tinha uma adams parachute em anzol 20, digo a ele que a menor que tenho é em anzol 18. " Vamos tentar " ele me responde.

E começa a pescaria ! Estica a linha, cast, cast, lança, apresenta... "Um metro más" me diz o guia. Cast, cast, lança, apresenta. "Tem que corrigir a linha antes de cair na água, a mosca está dragando muito rápido". Cast, cast, lança, corrige, apresenta, mending mending mending, "Trucha !" Grita o Mauro. Fisgo tarde de mais ! E recomeça o Jogo...

Cast, cast, lança, apresenta, mending, mending, mending, Mending. Nada ! Mosca Dragou...
Cast, cast, lança, apresenta, mending, mending, mending, Mending. "Trucha !", fisgo errado mais uma vez ! "Devia ter tomado mais café !" foi o que pensei depois de perder duas oportunidades muito próximas uma da outra.

Uns passos acima, identificamos uma pequena eclosão de caddis. Trocamos a mosca por uma Elk Hair Caddis em anzol 16. Grande, segundo o guia, mas era o que eu tinha em mãos. E vamos trabalhar !

Cast, cast, lança, apresenta, mending, mending, mending, Mending... Nada...
Cast, cast, lança, apresenta, mending, mending, mending, Mending...Nada...

Um passo acima, lanço a linha um pouco mais dentro do salseiro. A mosca mal bateu na água e uma truta sobe. Sobe em "Slow Motion", Abre a boca, pega a mosca e desce. Fisgo ! "Trucha ! Trucha ! Trucha !!" Grito ! A primeira da temporada, na ponta da linha, "Esta noite vou dormir bem melhor !".

From Patagonia 2009 - Junin de los Andes


From Patagonia 2009 - Junin de los Andes

E segue o resto da manhã, agora um pouco mais relaxado, seguimos casteando, apresentando, e corrigindo (mending), e trocando de mosca sempre que identificávamos eclosões onde haviam trutas ativas. Ainda muito desatento, perdi uma quantidade considerável de trutas.

Na hora do almoço, voltamos a Junin, fazer o lanche, e bucar o Luciano, que em breve se juntou a nós para comer algumas empanadas, salada, e umas carnes. Tudo muito simples, mas tudo muito bom.

Voltamos ao Rio, de volta a batalha ! Luciano foi pescando rio a cima, e eu me adiantei um pouco mais para voltar pescando rio abaixo. Durante a tarde, a pescaria ficou um pouco mais técnica, ao menos no trecho de rio em que eu estava pescando. "Tem alguma midge ai ?", me pergunta o Mauro. Tiro do bolso o menor fly box que trouxe na viagem, aquele que eu achei que nunca iria usar. Selecionamos uma, alongamos o leader, que agora estava com tippet 6x na ponta.

Se pescar com mosca seca em anzol 18, anzol 20 já é complicado. Pescar com midges em anzol 22, 24 representa um desafio. E não é apenas uma questão de ver onde está a mosca. É toda uma técnica refinada de acompanhar a mosca, evitar o drag e principalmente, ter a calma e a atenção de fisgar no instante exato, mas com calma, sem precipitação, afinal as midges são apenas um ponto derivando na correnteza, tem que esperar a truta fechar a boca e descer. E quem é que tem o sangue frio de esperar ?!

A tarde seguiu, tão perfeita quanto poderia ser, peguei algumas trutas mais, todas pequenas, trutas de "palmo", arco-íris, marronzinhas com cores bem acentuadas. Em cada truta um pouco mais de conhecimento, um pouco mais de experiência.

"Tenho que batalhar cada truta", pensei enquanto caminhava para fora do Chimehuin. "Tenho que ficar mais atento". O primeiro dia de pesca, representa sempre o desafio de se adaptar as condições locais. Por mais preparado que você esteja, por melhor que sejam seus equipamentos e moscas, por mais experiência que você tenha, a soma de todos estes fatores representa meros 50% de uma pescaria. Os outros 50%, dependem única e exclusivamente da natureza.

From Patagonia 2009 - Junin de los Andes


De volta a hosteria, combinamos com Mauro como seria o segundo dia, nos despedimos, e conversávamos sobre o que funcionou sobre as condições de pesca, capturas, piques perdidos, e tudo mais que ajudou a compor um dia de vadeio no Chimehuin...

07 March 2009

Patagonia 2009 - Junin de los Andes e o Tempo...




"Junin de los Andes não é afetada pelo tempo". Foi o primeiro pensamento que me ocorreu quando entrei na Hosteria Chimehuin. Dois anos se passaram de minha primeira visita ao local, e tive a estranha sensação de que não mais do que um par de meses tinham se passado. De fato, horas em Junin fluem como em São Paulo.

Enquanto aguardava o Alejandro, que vinha ao meu encontro para acertar os últimos detalhes da pescaria, desfiz a mala, conferi o estado dos caniços, diferente de outros anos em que pude levar os tubos como bagagem de mão, este ano fui obrigado a despachar ambos os tubos, logo sempre ficam aquela preocupação com extravios, furtos e demais ocorrências que podem frustar a pescaria.

Juntei as caixas de mosca, abri uma a uma para arrumar os anzois que sempre se soltam durante a viagem. " Trouxe muita mosca, acho que não vou usar metade ", " Essas moscas estão muito pequenas, anzol 18 !! Aonde eu estava com a cabeça ?!". A ultima caixa que tirei da mala, também era a menor, e estava replata de moscas em anzol 20, 22, uma ou outra em anzol 18. "Trouxe esta caixa para passear", pensei...

Alguns minutos depois, chega o Alejandro, que prontamente me coloca a par das condições climaticas dos dias anteriores, me lembra de ir tirar o "permisso de pesca", me fornece, alguns telefones para casos de emergência e principalmente, discutimos como seriam os dias de pesca, 6 neste primeiro instante. Quase ao fim da conversa, pergunto bem animado : "E como está a pesca ? Que moscas estão funcionando ? Elk hair caddis e mais oquê ?". E vem a resposta, com um certo tom de preocupação : "Mira, las truchas... Las truchas estan muy selectivas", e continuou "Estão pegando em adams parachutes bem pequenas, anzol 18, anzol 20, timberlines bem pequeninas também anzol 22". Conforme me narrava as moscas mais efetivas, eu fui ficando mais e mais preocupado. E ainda completou "Cuidado com o tamanho do leader ! 12 pés é o que está funcionando, 5x ou 6x na ponta".

"OK ! mañana tremprano empecamos ?" disse do alto do meu espanhol macarrônico. Alejandro me responde : "Claro, Mauro vai ser teu guia, passa aqui perto das 9 horas". Nos despedimos, e minutos depois me ponho a caminho do centro de atendimento ao turista de Junin para tirar o "permisso".

Com muita fome, minha última refeição "de verdade" (comida de avião não conta) tinha sido no dia anterior, ainda no Brasil, e já com o permisso de uma semana já em mãos, olho em direção ao "Ruca Hueney" - Restaurante local, e este ainda estava fechado. Me dirijo então a uma loja de artigos de camping e pesca bem próxima a praça central.

E aqui mais uma prova irrefurtável de que o tempo flui de maneira distinta em Junin :
Enquanto olhava o tabuleiro de moscas secas e ninfas da loja, chega o Dono da loja (do qual eu tinha uma leve lembrança) e me pergunta, "É do Brasil ?", respondo, "Sou sim !", "Me recordo de você !! Esteve aqui a pouco tempo não ?! Com Roberto ?!" (no caso Roberto = Beto Vaucher).
Confesso que fiquei bem espantando e respondi, "Sim, sou eu sim, fazem uns 2 anos que estive por aqui... Como vai o Sr ?!", e me responde "Que bom que voltou... vai pescar ? Temos moscas e o que mais você precisar..."

Faço então uma seleção de moscas seguindo as recomendações do Alejandro, Parachutes em anzol 18,20,22, ninfas bem pequenas, e claro sempre tem aquela mosca bem bacana que acabo comprando por que tem um visual bacana, mas no fundo no fundo sei que não vou usar.




Me despeço do Sr. Roque, proprietário da loja "Los Nostros" e sigo em passos rápidos para o restaurante... a fome, de fato, estava me tirando da esportiva. Escolho muito rapidamente o prato da janta, obviamente um bife de chorizo com batata frita e salada, faço o pedido ao garçon e não consigo parar de pensar, pensar de forma até preocupada nas recomendações que o Alejandro tinha me passado.

E esse bife de Chorizo que não chega ! Que fome...,

De fato, o tempo em Junin flui a seu próprio compasso...

05 March 2009

Patagonia 2009

From Patagonia 2009


Em breve ! Aqui no Vôo da Mosca !