28 March 2010

Patagônia 2010 : Aventura no Lago Strobel.






A Viagem :



Acordamos bem cedo, para o que seria nosso segundo dia de aventuras pela provincia de Santa Cruz. Neste segundo dia, o plano era tomar o rumo para o Lago Strobel, numa viajem que tem duração aproximada de sete horas, um pouco mais ou um pouco menos de acordo com a situação das trilhas (isso mesmo, trilhas) e ainda de acordo com a situação de um rio que deve ser transposto.

As primeiras horas de viagem acontecem pela "Ruta 40", que apesar de ser uma estrada "apertada", é asfaltada e de pouco trânsito, o que habilitou nosso comboio, formado por 3 veículos 4x4, a desenvolver uma viagem tranqüila.



Da metade para frente, tando a estrada quanto o visual mudam, aos poucos os sinais da presença humana, vão esvaecendo, dando lugar a natureza ríspida da estepe patagônica. Em pouco tempo, o asfalto, postes, cabos de energia, e o sinal do celular se rendem a natureza local e dão lugar a estradas de rípio, lebres, guanacos, condores, rios e lagos.




Agora o bacana mesmo é o tramo final da viagem. Os veículos deixam a estrada de rípio, engantam o 4x4, e seguem por uma trilha estreita improvisada no meio da estepe patagônica. Na realidade, o povo que abriu essa trilha, só removeu as pedras maiores do meio do caminho e ainda de maneira jurrássica sinalizou as direções de curvas e trechos ainda mais técnicos.

Quase no final da trilha, os motoritas (ou seja os guias) engatam o 4x4 LOW, apontam os carros em direção a uma indicação feita em pedra a beira de um rio (não me recordo o nome) e sem a menor cerimônia atravessam o riozinho, que na minha lembrança deveria ter uns 30 metros de comprimento! Totalmente incrível !



Depois desta travessia, tivemos mais dois obstáculos, superados sem grandes pormenores pelos jipes, sendo o mais legal deles uma súbida de 70 graus de inclinação (marcados pelo inclinômetro do jipe). E como recompensa a superação dos obstáculos, ganhamos uma parada para admirar o lago Strobel pela primeira vez.


A vista do lago, despertou o espírito pescador que até o momento estava quieto. Bateu aquela ansiedade maluca de chegar logo e começar a pescar. Meia hora a mais de trilhas e descidas super inclidadas, finalmente nos levaram ao acampamento, o qual fica a exatos 400 metros da margem norte do Lago.



A Pescaria :

Depois de nos acomodarmos no acampamento, sacamos os waders, montamos os caniços, e mais uma vez, entramos nos jipes para pegar a trilha que leva a uma bacia mais abrigada do Strobel.

Começamos então a castear de acordo com as instruções do guia : joga o máximo de linha para frente, deixa afundar por uns quinze segundos e vem recolhendo bem devagar. E assim foi, lutando contra um impiedoso vento no backcast, atirava o máximo que conseguia de uma linha sinking tip.

Luta daqui, luta dali, recolhe assim, recolhe assado, até que em uns vinte minutos de pescaria sou brindado com minha primeira truta, que toma vorazmente a mosca. Eu acho que as trutas do Strobel tem complexo de BoneFish. Muito diferente de tudo que eu tinha vivido até aqui em pescarias, esta primeira truta bateu forte, colocou a linha nas costas e correu lago a dentro, levando todo meu flyline, e boa parte do backing. Ela rendeu uma boa peleja de uns 10 ou 15 minutos, até que finalmente consegui trazer ela a margem.


"Trutinha boa" disse o guia. "Trutinha ?" pensei. Ele me falou para me posicionar um pouco mais a dentro da congelante margem do Strobel, apertar o freio da carretilha e atirar alguns metros á frente e recolher devagar, devagar quase parando...

E lá vou eu... Atira, afunda, afunda, recolhe, recolhe mais um pouco, dá um tempo... recolhe. Sigo nessa rotina por mais uns dez minutos até sou brindado por mais uma bela pancada, seguida por um puxão que leva a ponta da vara bem para baixo. "É os 6 mil Km de viagem valeram a pena ! " penso, enquanto ergo o caniço e deixando que esta segunda truta sacasse quanta linha quisesse.

Esta briga rendeu belos saltos da truta, que foi a segunda maior de toda a viagem. brigou muito, levava a linha para todos os lados, para baixo, sacou um pouco de backing, mas agora com o freio da carretilha melhor ajustado, consigo trazer ela as margens. Truta de uns 4 quilos, segundo o guia, esta truta é o padrão do Strobel. De bom tamanho e briga bem...


Nesta Truta, fiz a besteira de tirar as luvas de neoprene e colocar a mão na água gelada do Strobel. A sensação foi a mesma de encostar a mão em gelo seco. Sério a água é tão gelada que dói. As pontas dos dedos ficam dormentes muito rapidamente.

Uma curiosidade, estas duas primeiras trutas foram pegas, com a mesma mosca, no mesmo local, com 10 minutos de intervalo (mais ou menos) entre uma e outra.

Seguimos pescando mais umas horas, perdi alguns piques, saquei mais umas trutas (como a primeira do relato) e com a mão congelando e um vento que jogava a gente pra frente, fechamos o dia e voltamos para o acampamento com uma big, mas uma big ansiedade de começar o segundo dia de pescaria no Strobel...

2 comments:

Marco - Fly Cast said...

Caríssimo amigo!

Linda reportagem.
Espero que tenha sido uma daquelas pescarias inesquecíveis.

Abração!

jguszr said...

Marco,

Obrigado pelos comentários !!
Só faltou você e o Morelli para animar ainda mais o grupo !!

Até !